O amor e a repetição
A repetição, no amor, é o esgotamento. Dizer "Eu te amo" cinqüenta vezes é declarar estado de falência a este sentimento. O amor não é óbvio, não é um extrato que podemos retirar incessantemente, à força bruta, de fontes inesgtotáveis. É inconstante, não resistindo, muitas vezes, à mesmice de si mesmo em formas equivalentes. Para se ter amor, é necessário desvendá-lo, descobri-lo como se nunca d'antes...observá-lo nas entrelinhas do que não se diz, para que o deixe livre em suas diversas manifestações. É percebê-lo e de outras, então, omiti-lo, para que possa, n'algum breve instante, pensar-se não existente e não ser a todo momento amor. Então, se quiseres ser deste sentimento um verdadeiro cúmplice, não o repitas milhões de vezes na intenção de mantê-lo vivo: seja-o, simplesmente, em suas insólitas ocasiões...